Midnight in Austenland – Shannon Hale

Midnight in Austenland jacket

Quando Charlotte Kinder se dá de presente duas semanas de férias em Austenland, ela deixa alegremente para trás seu ex-marido e sua nova e encantadora esposa, seus adoráveis filhos, e todo o resto de sua vida real na América. Ela coloca seu chapéu e se hospeda uma mansão que oferece uma experiência imersiva no mundo de Austen, com cavalheiros atores que atendem às fantasias das hospedes.

Todos em Pembrook Park estão desempenhando um papel, mas cada vez mais Charlotte não tem certeza onde os papéis terminam e a realidade começa. E quando os jogos de salão tornam-se um pouco ameaçadores, ela acha que precisa de mais do que um bom espartilho para se manter segura. O sisudo Mr. Mallery é tão sinistro quanto parece? Qual é a doença misteriosa de Miss Gardenside ? Havia realmente um corpo no sótão secreto? E, talvez o mais importante, poderia o despertar no coração de Charlotte ser um sinal de um amor de verdade?

Enquanto espero o filme Austenland finalmente aparecer em torrent, fui ler o livro Midnight in Austenland, sequência do primeiro. Assim como acontece com os filmes, sequências raramente superam o primeiro livro, e nesse caso realmente não superou. Eu amei o primeiro livro, me identifiquei muito com a personagem principal e a obsessão dela pela camisa molhada do Colin Firth, entre outras coisas. Diferente da Jane Hayes de Austenland, que era obcecada desde sempre pelo mundo de Austen, Charlotte só descobriu as obras de Jane Austen depois de ser deixada pelo marido, e ela usou o mundo criado nos livros como uma fuga. Quando seus filhos vão passar as férias com o pai e sua nova esposa ela resolve mergulhar de vez nessa fuga, passando duas semanas no mundo mágico criado em Austenland.

Lá, reencontramos alguns personagens do primeiro livro, a proprietária Sra. Wattlesbrook, Miss Charming e Coronel Andrews, e conhecemos os novos cavalheiros, Mr. Edmund Grey, que em Austenland é irmão de Charlotte, e o misterioso Mr. Mallery, o Mr. Darcy da história, ou assim parece.

Acho que Midnight in Austenland teve mais inspiração no livro A Abadia de Northanger, pelo clima de mistério envolvendo mortes e desaparecimentos, algumas inventadas e outras…. E em Mansfield Park, pois a Charlotte é uma mistura de Catherine Morland e Fanny Price, pois ela é muito, muito boazinha. E tem outra relação entre Mansfield Park que não posso comentar pois é uma baita spoiler. Se alguém quiser trocar uma idéia, por favor, estou ansiosa para discutir com alguém que leu. Em algum momento é mencionado que os livros preferidos dela são A Abadia de Northanger e Mansfield Park, então acho que essa é a referência. Sou mais Orgulho e Preconceito e Persuasão, mas vou tentar não julgar…

O fato é que uma mulher de 35 anos, mãe de dois filhos, empresária de sucesso, se tornar obcecada por mistérios ao estilo Catherine Morland foi meio cansativo, e pouco convincente em alguns momentos. Mas gostei muito da reviravolta no final, já estava achando tudo meio previsível.

Mesmo com alguns pontos negativos, eu gostei da leitura, e recomendo Midnight in Austenland, principalmente para quem gostou do primeiro livro. P.S. Para o livro fazer sentido tem que ler Austenland primeiro para não ficar boiando! 🙂 Post sobre Austenland aqui.


Austenland – Shannon Hale

Jane Hayes é uma mulher solteira de 32 anos que mora New York e tem uma carreira como design gráfica. Ela possui uma coleção de relacionamentos fracassados e uma obsessão: Orgulho e Preconceito, mais precisamente Mr. Darcy. Esta obsessão ela tenta esconder de todos, exceto é claro de sua melhor amiga Molly, mas um dia durante uma visita de sua mãe e uma tia-avó que ela mal conhece o segredo é descoberto pela idosa, que conversa com Jane e tenta aconselhá-la. Jane toma a decisão de desistir dos homens para sempre, incluindo Mr. Darcy, e todo o mundo de fantasia em que ele sempre figurou. Então a tal tia-avó morre e em seu testamento ela deixa para Jane uma viagem de três semanas para um lugar no interior da Inglaterra chamado Pembrook, onde é prometido uma total imersão na época da Regência, precisamente o ano de 1816. À princípio dividida sobre fazer ou não a viagem, Jane decide por fim ir, com a resolução de, quando voltar para a vida real, irá esquecer dos homens, das fantasias românticas, de Mr. Darcy e até chegar ao extremo de jogar os DVD’s de Orgulho e Preconceito no lixo.

Quando ela chega em Pembrook ela descobre um regime de comportamento rígido para manter a atmosfera de época; todos devem se vestir, falar e se comportar como se realmente estivessem no século 19. Jane, assim como todas hóspedes, ganha um novo nome para sua estadia, passando a ser chamada de Miss Erstwhile. No primeiro dia ela conhece um exemplar típico das hóspedes do lugar: Miss Elizabeth Charming, uma mulher de 50 e poucos anos, que abriu mão de um carro novo e um mês de férias na Itália para ir para Pembrook e ser cortejada como se fosse uma mocinha de época. Jane também conhece os cavalheiros, que ela sabe serem todos atores interpretando seus designados papéis inspirados em personagens de Jane Austen: o charmoso Coronel Andrews (inspirado no Coronel Fitzwilliam com um quê de Henry Crawford), o sério e indiferente Mr. Nobley (totalmente Darcy) e mais tarde o Capitão East (Capitão Wentworth). Ah, e não devo me esquecer do jardineiro, Theodore, que mais tarde revela sua ‘verdadeira’ identidade como Martin. Jane se envolve com Martin, pois além de ser alto e lindo, ele é o único vínculo que ela tem com a realidade fora do mundo de faz de conta de Pembrook. Mas ela também se sente atraída pelo reservado Mr. Nobley, e ele também parece interessado nela. Mas então ela começa a se questionar sobre o que é real e o que é faz de conta. Quem está atuando, quem está sendo verdadeiro? Será que ela pode permitir se apaixonar por um ator que está sendo pago para cortejá-la?

 Há tempos que eu não lia algo que gostasse tanto. Amei. Um verdadeiro agrado para fãs de Jane Austen. Eu me identifiquei com Jane Hayes desde o início, quando ela dizia coisas como: “Escute, eu realmente não acredito que de alguma maneira vou acabar me casando com Mr. Darcy. Eu apenas… nada na vida real parece tão certo quanto… oh, deixa para lá.” É justamente como eu me sinto, e é difícil explicar para as pessoas. Eu sei que ele não existe, mas nem por isso deixo de sonhar. Jane tem um passado amoroso bem patético, e durante o livro são listados os 12 namorados que ela teve durante a vida, e o engraçado é que ela conta como namorados homens com quem ela nem sequer saiu em um encontro. É durante esse retiro num mundo de fantasia, tentando exorcizar Mr. Darcy da sua vida, é que ela redescobre a sua auto-confiança, e começa a ver sua vida amorosa com mais clareza. Eu torci pelo Mr. Nobley desde o início, a aura de Mr. Darcy em torno dele meio que tornou impossível eu sentir o contrário. Não vou entregar o final pois mesmo quem não tiver a oportunidade de ler o livro (só foi publicado em inglês), pode ver o filme que é para sair no próximo ano. Estou ansiosa pelo filme, tomara que faça jus ao livro. O elenco conta com Kerry Russel (da série Felicity) como Jane Hayes e JJ Feild (Mr. Tilney em Northanger Abbey 2007) como Mr. Nobley. A data certa para lançamento ainda não foi divulgada.

Jennifer Coolidge (Miss Charming), Keri Russell (Jane Hayes) e a diretora Jerusha Hess no set de Austenland

O livro é curtinho (120 páginas) e mesmo quem não manja muito de inglês pode dar uma tentada com a ajuda do tradutor do Google. Eu recomendo! Segue o link para download para quem se interessar: Austenland

 Alguns trechos do livro:

Conversando com a melhor amiga sobre a obsessão por Mr. Darcy:

Molly: “… e você definitivamente não precisa de Mr. Darcy.”

Jane: “Eu sei. Quer dizer, ele nem ao menos é real. Ele não é, eu sei que ele não é, mas talvez…”

Molly: “Não há nenhum talvez. Ele não é real.”

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 Conversando com Martin, o jardineiro:

Martin: “Eu não consigo entender as mulheres quem vem aqui (Pembrook), e você é uma delas. Eu não consigo compreender isso.”

Jane: “Eu não acho que eu poderia explicar isso para um homem. Se você fosse uma mulher, tudo que eu teria que dizer é ‘Colin Firth em uma camisa molhada’ e você iria dizer ‘Ah’.”

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 E a conversa com ele, não vou dizer qual deles para não estragar, mas as coisas que ele diz para ela são perfeitas demais para deixar de fora:

Ela: “Mas espere, pare, não é para acabar assim! Você é a fantasia, você é o que eu estou deixando para trás. Eu não posso embrulhar você e te levar comigo.”

Ele: “Miss Hayes, você já parou para considerar que você pode ter entendido isso tudo ao contrário? Que na verdade você é a minha fantasia?”

(…)

Ele: “Você não tem que decidir nada agora. Se me permitir ficar perto de você por um tempo, então nós podemos ver.”

Ela: “Apenas ficar perto..”

Ele: “E se eu não fizer você se sentir a mulher mais bonita do mundo todos os dias da sua vida, então eu não mereço ficar perto de você.”

🙂 Fala sério… que mulher resistiria a um discurso desses? Eu certamente não.