Aventuras pela Inglaterra de Jane Austen: Chawton

CHAWTON

‘(…) as for ourselves, we’re very well,
As unaffected prose will tell.
Cassandra’s pen will give our state
The many comforts that await
Our Chawton Home – how much we find
Already in it to our mind,
And how convinced that when complete,
It will all other houses beat,
That ever have been made or mended,
With rooms concise or rooms distended.
You’ll find us very snug next year; (…)’
porque Jane Austen também escreveu poesia!

Uma pequena casa no vilarejo de Chawton foi onde Jane Austen passou os últimos anos de sua vida e onde trabalhou em seus livros (alguns foram apenas revisados, outros inteiramente escritos ali). Hoje, é um museu dedicado à escritora, provavelmente um dos lugares onde mais se entra em contato com quem ela foi, pois além de ter morado ali por vários anos, vários de seus pertences ainda podem ser encontrados na casa. É uma parada obrigatória para fãs da Jane e, portanto, eu não podia deixar de ir.

Não há acesso de trem ao vilarejo, então temos que ir até a cidade mais próxima, Alton, e dali pegar um ônibus ou caminhar até Chawton. Chegando a Alton, eu desesperadamente procurava no mapa “Jane Austen’s House”. E não achava nada. Andei por toda a cidade (é uma cidade pequena, em uma hora já tinha andado por tudo) procurando um mapa, uma placa, qualquer coisa que me dissesse que direção tomar para chegar até a casa da Jane. Já sem esperança, resolvi pedir informações para uma velhinha muito simpática na parada de ônibus. Ela não só me explicou como chegar, como também me levou até a entrada da casa e ficou conversando comigo sobre os livros da Jane. Ahhh! Adoro isso! Não sei vocês, mas quando eu menciono Jane Auten para a maioria dos meus conhecidos, ninguém sabe do que eu estou falando.

Finalmente, então, estava em Chawton! O lugar é lindo e a emoção de estar ali foi grande.

A entrada dos visitantes.

Chegando lá, entra-se pela gift shop, onde ingressos são vendidos (e tantas outras coisas legais!!) e por onde entramos em uma pequena sala exibindo um vídeo sobre a vida da Jane, com foco na época em que ela esteve em Chawton. Após o vídeo, o visitante fica livre para explorar a casa e o simples jardim.

Os cômodos da casa estão decorados conforme se acredita que teriam sido na época em que a Jane morou ali. Os objetos mais interessantes são, obviamente, os que de fato pertenceram à Jane, principalmente a famosa mesa que pertencia aos Austens, onde se acredita que nossos amados livros foram escritos e revisados.

Outros objetos também chamam a atenção (clique nas imagens para ampliá-las):

    

Outra coisa interessante encontrada na casa são algumas roupas e acessórios utilizados nas adaptações dos livros para o cinema.

No quarto dividido por Jane e Cassandra, vemos uma réplica da cama que elas compartilhavam e conhecemos o sistema sanitário da época.

Depois de passear pela casa, visitar todos os cômodos mais de uma vez e fazer muitas compras na gift shop, resolvi caminhar até a igreja que a Jane frequentava, St. Nichols, e onde estão enterradas suas amadas mãe e irmã.

No caminho até lá, me senti um pouco Elizabeth Bennet, andando pelo countryside e pisando na lama. Pena foi não ter esbarrado no Mr. Darcy…

Podem me chamar de boba, mas quando cheguei aos túmulos, agradeci à mãe da Jane por ter dado vida a uma pessoa cuja obra mudou a minha e agradeci, também, à Cassandra por ter amado e cuidado da Jane até o final. Mais emocionante que isso, só a minha visita ao túmulo da Jane, em Winchester – isso fica para outro post.

Conhecer o lugar onde a Jane viveu, ver coisas que pertenceram a ela, caminhar por caminhos que ela caminhou… Chawton é um local muito especial mesmo!

Para saber mais sobre o museu: http://www.jane-austens-house-museum.org.uk/index.php

Até semana que vem,

Deborah


Resultado do Sorteio

As ganhadoras do livro To Conquer Mr. Darcy/Impulsive & Initiative foram:

– Barbara Olivares

– Priscila Matos

Estarei entrando em contato com as duas via e-mail para combinar o envio. Eu mencionei que os livros são autografados pela Abigail Reynolds? Chique né? 🙂

Em breve teremos novos sorteios e obrigado a todos que participaram.

 


Matthew Macfadyen is sexy… and he knows it!

Ah, vi esse vídeo hoje e não resisti, tive que dividir com vocês! Para mim, parte do charme do Matthew é justamente ele não saber o quanto ele é lindo… Tem um vídeo com essa mesma música para o Richard Armitage que também é ótimo.


To Conquer Mr. Darcy/Impulsive & Initiative – Sorteio de livros!

Esse post é para quem lê em inglês e quer ganhar uma cópia do livro To Conquer Mr. Darcy/Impulsive & Initiative da Abigail Reynolds. Apesar da capa e do título diferente, é o mesmo livro e tenho um exemplar de cada para sortear.  Quem quiser participar deixe seu nome e e-mail nos comentários desse tópico. O sorteio será feito no próximo sábado, 31/03/2012. Muito obrigado a minha amiga Rita que me presenteou com os livros para o sorteio.

Sinopse: Depois da desastrosa proposta de casamento em Hunsford, um deprimido Mr. Darcy é convencido pelo primo, Coronel Fitzwilliam, a voltar para Hertfordshire e tentar conquistar o coração de Elizabeth Bennet. Ela à princípio informa à Darcy que só pode oferecê-lo a amizade dela, mas depois de conhecer melhor o homem que ela tão veementemente recusou, Elizabeth começa a sentir uma atração inexplicável por ele. Quando ela finalmente cede à inegável paixão existente entre eles, os dois acabam quebrando todas as regras do decoro e antecipando os votos de casamento.

Obs. Válido apenas para participantes dentro do território brasileiro.


Criminal Justice 2

Juliet Miller (Maxine Peake) para todas as aparências tem uma vida perfeita. Ela é casada com Joe (Matthew Macfadyen), um advogado de sucesso, tem uma filha adolescente, Ella, e uma casa impecável. Joe é um cidadão modelo, exemplo de bom pai e bom marido, mas isso são apenas aparências, pois com a esposa ele demonstra todos os indícios de ser abusivo e controlador, ainda que para o espectador isso pareça muito sutil. Uma noite, Juliet esfaqueia o marido, que acaba morrendo, e daí que se desenrola a história dela enfrentando o sistema penal, e a luta de suas advogadas que tentam provar que Julliet cometeu o crime por sofrer abusos do marido.

Eu assisti essa série faz um tempão, e foi em doses homeopáticas pois depois que o personagem do Matthew morre eu perdi o interesse, e a Juliet me irritava muito. Seria impossível falar dessa série sem dar esse spoiler, de que Joe é esfaqueado no final do primeiro episódio, e que no segundo não tem falas além de ser mostrado no hospital até sua morte. Mas e a atuação do Matthew? Incrível, embora curta! Não é à toa que ele ganhou um BAFTA por esse papel. Para quem não assistiu e acha difícil de acreditar que com aqueles olhos doces ele consiga convencer no papel de um marido abusivo, não poderia estar mais enganado. Ele não comete clara violência física contra Juliet, mas fica claro desde o princípio que ela teme o marido, e que ele controla todos os aspectos da vida dela. A real violência que acontece é no ato sexual, que deixa a gente imaginando exatamente o que aconteceu (pelo menos eu fiquei) quando ele diz no ouvido dela ‘Está lá embaixo’. Isso só é esclarecido no último episódio, e sim, eu estava certa, e é bem perturbador.

Depois do crime, o foco passa a ser totalmente sobre Juliet, enquanto ela é presa, interrogada e processada criminalmente. E para piorar a situação, ela está grávida. O que irrita em Julliet é que enquanto suas advogadas estão tentando ajudá-la e montar sua defesa, ela se recusa a falar sobre o que aconteceu, o que motivou ela a matar o marido. Como Joe era um advogado respeitado, muitos se recusam a aceitar de que ele poderia ser abusivo ou violento com a esposa. E a filha adolescente Ella também tem uma imagem idealizada do pai, e não perdoa a mãe pelo crime. Não vou dar mais nenhum spoiler, tudo se esclarece no final, mas isso também é importante para dar minha opinião.

Acho que todo mundo vai fazer a mesma pergunta que eu: ‘Porque matar? Porque não tentar buscar ajuda? Porque não fugir?’ Mas a medida que vamos conhecendo Juliet, apesar de ela não falar muito sobre fatos, fica claro que ela é extremamente perturbada psicologicamente, que os abusos do marido roubaram sua sensatez e personalidade. Ela não tinha liberdade, ele tirou tudo dela, e ela só podia existir da maneira que ele permitia, até o ponto de ela não saber mais quem realmente era. E a gravidez foi um fator importante, mas falar mais sobre isso estragaria o final para quem não assistiu.

Uma coisa interessante que como fã eu tenho que mencionar: no primeiro episódio, Ella está escutando um áudio book de Orgulho e Preconceito momentos antes do crime, e no quarto episódio a família que acolheu Ella está na sala reunida assistindo a série O&P de 1995. E os rostos conhecidos? Julliet (Maxine Peake) Miss Wade em Little Dorrit; Saul (Eddie Marsan) Mr. Panks também de Little Dorrit; e o advogado de acusação é o Mr. Collins de Lost in Austen.

Para baixar por torrent, é a segunda temporada neste torrent. Legendas aqui.


Aventuras pela Inglaterra de Jane Austen: Lyme

Meninas, antes de começar esse relato, queria agradecer a todo mundo que vem lendo e comentando nos meus posts. Vocês não sabem como é legal poder compartilhar minhas histórias com gente que eu sei que vai entender e simpatizar com as minhas emoções ao visitar tais lugares. Se vocês tiverem qualquer dúvida e quiserem conversar mais, podem me adicionar no facebook ou mandar e-mail para debysimionato@hotmail.com . Espero que meus relatos não fiquem chatos e que vocês sigam lendo-os!

LYME REGIS

“E só um estranho muito estranho não veria os encantos dos arredores próximos de Lyme e teria vontade de os conhecer melhor.” Persuasão

 Eu amo Persuasão, uma das histórias mais lindas e sem dúvida a mais melancólica que a Jane Austen escreveu. Sendo assim, não podia deixar de visitar Lyme, onde tantos eventos importantes no livro acontecem. Além de Persuasão, Lyme foi um lugar onde a própria Jane passou temporadas, detalhe que só faz a curiosidade aumentar.

Assim como para chegar a Chatsworth e tantos outros lugares, peguei um trem até uma cidade próxima, nesse caso Axminster, e depois um ônibus que me levou ao destino final, a praia de Lyme Regis.

A atmosfera era exatamente como eu imaginava – e, honestamente, como eu queria: cinza e chuvosa. Pode parecer estranho querer visitar uma praia com o tempo assim tão ruim, no entanto, por Persuasão ser melancólico e por Lyme ser parte de Persuasão, eu não esperava nada diferente.

Descendo a rua principal, me deparo com o mar. Apesar de praias terem seu auge no verão, visitar uma no inverno é um ótimo jeito de encontrar tranquilidade e solidão. Pouca gente nas ruas, pouca gente na orla. E só você, o mar e a brisa no rosto. E a esperança de virar o rosto e encontrar o Cap. Wentworth. Infelizmente não foi dessa vez, fiquei só com a paz de espírito mesmo.

Chegando à praia propriamente dita, já é possível avistar o famoso Cobb. Fiz o meu caminho até ele, pisando em pedras e areia – as praias na Inglaterra costumam ter pedras no chão, e não areia, Lyme tinha ambas.

O Cobb é uma construção impressionante, mesmo sendo tão simples. Como sabemos pelo livro e principalmente pelos filmes, o Cobb tem dois “andares” – o primeiro, mais largo e seguro; o segundo, com a superfície desnivelada e onde somos sujeitos à fúria da natureza.

Quando me deparei com a famosa escada onde a Louisa Musgrove brincou de “catch me” não pude evitar um sorriso pela felicidade de estar ali – e, se eu for sincera, por pensar em quão idiota era a Louisa.

Quanto mais para o final da parte de baixo do Cobb eu andava, mas suscetível eu ficava às ondas que batiam do outro lado. Bem na ponta final, há uma espécie de continuação do Cobb com pedras soltas, lindas de ver, mas nas quais não se podem colocar os pés.

Resolvi que estava na hora de encarar a parte mais perigosa: o topo. Eu precisei de muito encorajamento (eu mesma fiz o serviço de líder de torcida, já que estava sozinha 🙂 , mas no fim, subi. Tenho que confessar que eu estava tremendo! As pedras estão constantemente molhadas pelas ondas que batem ali, uma chuva fininha estava caindo e a gente não consegue caminhar reto, pois a construção é torta. Que tensão! Então eu pensei “se a Jane Austen caminhou aqui, eu também posso”. E fui.

Não cheguei até a ponta, pois minha coragem tem limites. Mesmo assim, fiquei muito orgulhosa de mim mesma por ter subido.

Saindo do Cobb e caminhando pela praia, a vista seguia linda.

Foi então que eu me deparei com o Lyme Regis Museum e, vendo a placa, não podia deixar de visitar:

O museu é bem pequeno e é mais dedicado aos fósseis encontrados em Lyme desde antes da época da Jane. Já que esse não era meu interesse, passei relativamente rápido por todo o pequeno museu, até chegar à parte dedicada a nossa autora preferida.

A pequena exposição fala do tempo em que a Jane passou em Lyme, e sobre como era a cidade que ela conheceu. Uma das coisas mais legais no museu é uma placa usada durante as filmagens de Persuasão (1995) pedindo para que os barcos que estivessem no porto fossem retirados devido à gravação do filme. Imaginem que máximo estar na cidade durante as filmagens? 

Na gift shop do museu (eu com vários livros vendidos lá sobre a Jane na mão), a senhora que atendia no caixa me perguntou se eu era fã de Jane Austen. Quando eu confirmei e disse que era essa razão pela qual eu tinha ido até ali, ela abriu um sorriso e disse “pra ver onde a Louisa Musgrove caiu!”. Uma breve conversa sobre a Jane seguiu e uma despedida muito calorosa (quem disse que apenas os brasileiros que são simpáticos?), eu saí do museu.

Com o final da tarde chegando e frio e o vento ficando mais fortes, eu resolvi que era hora de dizer tchau para essa cidade e seguir meu caminho de volta a Londres.

Deixo vocês com uma vista dos telhados da cidade.

Até a próxima semana,

Deborah


Mr. Darcy Gifs

Eu não tinha um título para esse post, mas não preciso de desculpas para postar gifs do MM-Mr. Darcy. Daqui a pouco tem post da Deborah sobre Lyme! Boa sexta-feira a todas. 🙂

 


Matthew Macfadyen em Ripper Street (2)

Foram divulgadas mais fotos das gravações de Ripper Street! Clique no link para ver mais fotos: Cozycot


Um Olhar Britânico

Hoje temos mais um post de uma amiga janeite, Amanda de Luca com colaboração de Alberto Bruno. 😉

Oi! Meu nome é Amanda – oi Amanda! – e eu sou uma austenmaníaca. No entanto, eu não vou falar precisamente sobre Jane Austen ou suas obras. Esse post será sobre a atuação dos atores ingleses e, por isso, indiretamente falará sobre a Jane (até porque – e as auntenmaníacas vão me entender – todos os assuntos acabam na Jane). Assistindo a filmes e minisséries britânicas, eu reparei uma coisa interessante: a expressividade, sobretudo do olhar dos atores britânicos. Eu me interesso muito por atuação (inclusive estudo teatro, e, teria feito vestibular para Artes Cênicas se meus pais não tivessem proibido) e, é muito difícil vermos atores aqui no Brasil explorando esse recurso. (Não sei se é um traço cultural ou se temos, em sua maioria, atores fracos mesmo). Talvez por causa dessa “contenção” dos britânicos, dessa fleuma característica deles (British phlegm), eles não demonstram os sentimentos de uma forma tão exacerbada quanto a nossa. E essas demonstrações estão presentes em pequenas sutilezas: um olhar, uma entonação da voz, um suspiro, na forma de respirar, de andar, etc. A impressão que eu tenho é que os atores de lá são mais completos, eles aproveitam mais todos os recursos disponíveis.

O maior exemplo é sem dúvida o Sr. Darcy (o epítome do British phlegm), principalmente na interpretação do Colin Firth em 1995. Apesar de passar 90% do tempo com a expressão impassível, só com os olhos ele conseguia demonstrar os sentimentos da personagem (e como atriz eu garanto: isso é difícil pra caramba!) A cena ÉPICA é a que ele observa a Lizzie em Pemberley e nós podemos ver uma explosão de sentimentos somente no olhar! (Quem não derrete nessa cena?) Falando em Lizzie, a atriz Jennifer Ehle é outra que atua com os olhos. Eu consigo claramente ver o motivo do Sr. Darcy ter ficado fascinado pelos olhos da Lizzie. Ela expressa através dos olhos toda a vivacidade e sagacidade da personagem e você se apaixona primeiro pelo olhar dela e depois pela personalidade.

Em Jane Eyre (2006), a atriz Ruth Wilson fala mais através de seus olhos pela sua expressão do que por palavras. Conseguimos notar claramente o momento em que Jane começa a amar o Sr. Rochester. Parece que ela começa a “brilhar”. A expressão, os olhos, tudo fica mais iluminado. E já que mencionamos o Sr. Rochester, tenho que tirar o meu chapéu para o Toby Stephens (também, filho de ninguém menos que Dame Maggie Smith! A atuação deve estar no sangue!). Ele conseguiu uma coisa um tanto contraditória: ao mesmo tempo em que ele me convencia que estava cego, que mantinha aquele olhar vazio, os olhos dele estavam cheios de sentimentos. Não sei se consigo explicar, ou se vocês estão me entendendo, mas eu achei essa interpretação tão linda! (É a atriz dentro de mim falando).

Antes de gostar do Mr. Rochester

Antes de gostar do Mr. Rochester

Apaixonada pelo Mr. Rochester

Apaixonada pelo Mr. Rochester

Acho essa cena lindíssima. A Ruth (Jane) não fala uma sílaba e no entanto ela expressa todos os sentimentos da personagem

Toby Stephens interpretando o Mr. Rochester cego

E eu só citei as interpretações baseadas nos olhos. Ainda tem outras como a cena em que o Sr. Darcy, no filme de 2005, ajuda a Lizzie a subir na carruagem e as mãos deles se tocam de leve, e depois o Matthew ainda aperta a mão. Essa cena diz tanto sem uma única fala!

No mesmo estilo tem a cena que o Cap. Wentworth coloca a Anne na carruagem, quando ela machuca a perna (2007).

Em North & South quando a Margaret oferece chá ao Sr. Thornton e os dedos deles se roçam quando ele vai pegar a xícara, ou, ainda em N&S, quando a Margaret cumprimenta o John no jantar.

Em Emma (2009) quando a Emma e o Mr. Knightley contando sobre o casamento deles para o Mr. Woodhouse e a câmera foca nas mãos deles dadas.

São cenas belíssimas, que não precisam de uma palavra sequer pra cumprir sua função e nos emocionar!

Mas aí vem a pergunta: esses exemplos todos são méritos dos atores, é fruto de uma boa direção ou já estão indicados no roteiro?

Eu diria que os três. Alberto Bruno, meu professor de teatro, sempre diz que para que o teatro aconteça são necessários 3 elementos fundamentais, essenciais: ator, platéia e texto. Se faltar um desses 3 elementos o espetáculo não acontece. Eu concordo com ele. Porém existe uma ressalva: o roteiro/texto é um guia para o ator, não uma receita. No texto está a vida do espírito da personagem onde um bom ator consegue extrair esse material que foi um dia pensado pelo autor, visualizando o que está por detrás das palavras, fazendo-as sair de seus lábios, com a naturalidade e riqueza de quem as profere naquele exato momento, como fazemos naturalmente na vida. Ao passo que um ator medíocre/mediano por não alcançar essa compreensão da obra, apenas decora o que ali está escrito, vomitando palavras como símbolos mortos. Um ator que fica preso a um roteiro não atua. Nenhum bom roteiro é escrito para engessar a ação da personagem ali representada pelo ator, assim como, nenhum bom ator fica preso a uma marcação do diretor sem complementa-la com graciosidade e harmonia. Já um ator mediano não consegue ver as infinitas formas de atuação nem mesmo em um Hamlet de Shakespeare, ele próprio torna-se refém de suas dificuldades na arte de atuar, a ponto de não conseguir executar com naturalidade uma simples marca dada pelo diretor. Perde toda a criatividade. Meus diretores sempre pedem pra gente oferecer o máximo de material possível pra eles. É em cima desse material que eles “selecionam o que vai usar e o que vai jogar fora”. Então quanto mais elementos o ator usar, mais “escolhas” o diretor vai ter. Um ator talentoso consegue fazer um grande trabalho mesmo com um roteiro ruim ou um mal diretor. Mas não adianta nada ter um excelente roteiro, se o ator não sabe aproveitá-lo o máximo. E não adianta ter um grande diretor se o mesmo não tem o que dirigir.

Enfim, se eu for citar todas as interpretações, esse post vira um livro. São muitos exemplos, mas quase todas são de atores britânicos o que me faz pensar que deve haver uma certa linha de estudo e ensino nessa área nas escolas de atuação inglesas.


Matthew Macfadyen em Ripper Street

Foi divulgada a primeira foto de Matthew Macfadyen na série Ripper Street. A data de estréia ainda não foi anunciada.

O que acharam do visual do MM?